02/08/2025 às 04:04 Street Photography

Entre Olhares e Asfaltos

20
6min de leitura

Entre Olhares e Asfaltos

por phCrys

Fotografia e Direção Criativa

Reflexões de um fotógrafo de rua




Capítulo 1 – “Por que fotografar a rua?”

– Introdução à série

– Questionamentos que as pessoas fazem (ou pensam)

– Minha motivação pessoal

– Meu desejo de ser transparente com quem vê meu trabalho

Capítulo 2 – “Quero que se dane”

– Desabafo sobre a incompreensão

– O processo de apagar trabalhos antigos

– A decisão de não explicar mais minhas fotos

– A valorização das interpretações individuais

Capítulo 3 – Preto & Branco




Introdução – Por que começar essa série?

Fotografar a rua nunca foi sobre técnica, aplausos, likes ou aprovação.

Sempre foi sobre observar, sentir, estar presente na loucura comum da cidade.

Esse espaço que estou abrindo aqui no blog é quase um diário. Um lugar onde posso falar o que vejo, o que penso e do que me move a sair por aí com a câmera na mão, sem rumo certo, mas com o olhar atento a detalhes quê normalmente ninguém perceberia.

Durante muito tempo, tentei moldar meu trabalho pra caber nas expectativas dos outros. Tentei explicar cada foto. Apaguei coisas das quais eu gostava só porque achei que não estavam "à altura".

Hoje, decidi fazer diferente. Essa série é uma forma de reconectar com o que realmente importa pra mim: fotografar o que me interessa. E se, no meio disso tudo, alguém se identificar, ótimo. Mas se não, tudo bem também.

O que importa é que isso aqui seja verdadeiro.


Por que fotografar a rua? Por que sair por aí ‘perdendo tempo’ clicando coisas que, pra muita gente, não têm graça nenhuma?

Algumas pessoas levam pra todos os lugares um celular, ou algum acessório indispensável, eu levo minha câmera, _ cada um limpa o seu próprio toba.

Essas perguntas quase nunca me fazem de forma direta. Mas eu percebo, nos olhares ou comentários soltos, que muita gente não entende esse tipo de fotografia.

E tudo bem. “Foda-se”

Mas é por isso que resolvi escrever esses posts de um jeito bem direto, bem transparente — quase como um bate-papo. Quero que, ao olhar minhas fotos, você consiga entender o que se passa na minha cabeça… o que eu vejo, o que eu sinto, e por que esses momentos aparentemente simples me atraem.



Capítulo 2 – “Quero que se dane”

Já vou começar dizendo algo que, pra alguns, pode soar arrogante: eu quero que se dane o fato de muitos não entenderem minhas fotografias.

Durante muito tempo, eu tentei explicar. Tentei justificar. Apaguei blogs, excluí perfis no Instagram, tirei do ar sites onde eu compartilhava meu trabalho autoral. Tudo porque eu achava que precisava fazer sentido pros outros.

Não preciso mais disso. Minhas fotos falam por si. E mesmo que eu quisesse, eu nunca conseguiria fazer com que todo mundo enxergasse nelas o que eu vejo.

Cada pessoa carrega uma bagagem diferente — visual, cultural, emocional. Cada olhar é único e é justamente isso que faz a fotografia de rua ser tão viva pra mim: ela conversa com cada um de um jeito diferente.

Não quero mais traduzir minhas intenções, quero que minhas imagens falem direto com quem olhar pra elas, sem precisar de legenda.



COMO UMA FOTO DE UM BANHEIRO PÚBLICO PODE SER INTERESSANTE?


E, sinceramente… talvez nem seja. Essa fotografia específica eu fiz aleatoriamente, andando na rua.

Mas aí vem a pergunta: o que me faz clicar, mesmo quando já sei que muita gente vai achar irrelevante?

dane-se, estou fotografando pra mim e não pra eles! Eles correm na praça toda tarde, eu fotografo na praça toda tarde.

A resposta é simples — e vem com o tempo. Quem fotografa acaba desenvolvendo o que eu chamo de feeling. Aquela sensibilidade quase intuitiva. É como uma espécie de “malícia” boa: fazer com mais amor, com mais vontade, com mais prazer.

Quando clico algo na rua é porque eu já vi a imagem pronta na minha cabeça. Eu visualizei o resultado antes mesmo de fazer a foto. Chamo isso de “Mapa Visual”. Ando na rua procurando esses easter eggs visuais.

É igual a senhora que faz crochê: enquanto ela começa a trama, ela já visualiza a peça final.

Com a fotografia de rua, pra mim, funciona da mesma forma.



Capítulo 3 – Preto & Branco

Tenho uma verdadeira paixão pelo preto e branco.

Não é só uma escolha estética — é uma viagem no tempo. Toda vez que clico uma fotografia em P&B, sinto que a imagem conversa muito mais como história, a história presente. Como se eu conseguisse escutar o silêncio barulhento daquele momento. As cores me distraem muito, essa mesma fotografia em cores eu não prestaria tanto atenção na história que está acontecendo ali, os trabalhadores, o caminhão preparando o cimento e etc.

Quando fotografo, estou capturando um pedaço da vida de alguém. Um fragmento de tempo que não volta mais. E o preto e branco me ajuda a contar essa história com mais força, mais emoção.

As cores têm seu valor, claro. Mas, pra mim, elas acabam funcionando como distração. Elas gritam, às vezes. E o que eu busco é um pouco de silêncio, ou algumas vezes um caos total.

No preto e branco, tudo se encaixa. As formas, a luz, as sombras. E, principalmente, a narrativa.

É como se, ao tirar as cores, eu revelasse a alma dessas cenas do cotidiano.



Capítulo 4 – IMEDIATISMO

Aproveitando que venho falando sobre como conto histórias com minhas fotografias, quero mostrar um outro lado do meu trabalho — registro em eventos.

Essas imagens, em preto e branco, falam muito.

Mostrar o que é real pode não ser o que mais vende, mas é o que mais me preenche. É nesse tipo de fotografia que eu me encontro.

Agora te convido a olhar com calma essas fotos. Tente sentir o que elas dizem, sem pressa.




Capítulo 5 – O Valor do Simples

Agora vamos além.

Quero usar este espaço pra compartilhar mais das minhas fotos, sem a pretensão de convencer ninguém a gostar. Já me cansei de explicar os motivos — e, sinceramente, não sinto mais necessidade disso.

Essa fotografia aqui, por exemplo… talvez, pra muita gente, passe despercebida. Mas pra mim, ela carrega uma história.

Fiz ela em preto e branco porque gosto de como esse estilo me permite imaginar — ou até reinventar — narrativas, toda vez que volto a olhar.

Na imagem, uma senhora vivendo o seu dia. Simples assim. E foi justamente essa simplicidade que me prendeu o olhar. A maneira como ela se vestia, sua postura, o jeito como ocupava aquele pequeno pedaço da cidade… tudo isso, pra mim, falava alguma coisa.

Gosto de guardar esse tipo de momento. Provavelmente eu nunca mais irei ver essa senhora na vida, como em todas minhas fotos, gosto dessa ideia de que quando eu fotografo idosos, seja a primeira e última vez que estou vendo eles, que a qualquer momento eles podem partir dessa vida e ao mesmo tempo eu nem vou saber disso. São loucuras da minha mente, coisas que penso na hora que fotógrafo especificamente idosos na rua!

Fragmentos do cotidiano que, à primeira vista, parecem banais, mas que, pra mim, têm peso. É isso que faz a fotografia de rua ser tão especial: a beleza que mora no que a maioria ignora.

No fim das contas, esse post não é só sobre fotografia de rua. É sobre olhar. Sobre escutar o silêncio das imagens. Sobre dar valor ao que passa batido.

Durante muito tempo, tentei encaixar meu trabalho nos moldes que esperavam de mim. Fui apagando coisas, escondendo fotos que eu mesmo gostava, tentando dar sentido pra quem talvez nunca vá entender.

Hoje, sigo um caminho diferente. Faço essas fotos porque elas fazem sentido pra mim. Porque elas me conectam com o mundo de um jeito que eu compreendo: cru e real. Cada rosto, passo ou cansaço registrado tem uma história — e eu tô ali, só pra ouvir com a câmera.

Se você chegou até aqui, obrigado. Não por gostar do que viu, mas por ter se permitido olhar com calma.

Que esse post tenha sido menos uma galeria e mais uma pausa.

phCRYS

Fotografia e Direção Criativa


Acesse a galeria aqui!

https://www.phcrys.com.br/gallery/138266-sem-titulo

02 Ago 2025

Entre Olhares e Asfaltos

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