27/07/2025 às 00:51 Ensaios Femininos

Sob meu olhar:   Fine Art!

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37min de leitura

Pra começar a falar sobre esse assunto, preciso deixar claro alguns pontos importantes. Já tem um bom tempo que não faço mais trabalhos como esse, muitas coisas e circunstâncias me fizeram parar. Algumas amigas já me perguntaram por que eu não compartilho meus trabalhos femininos… e a real é que não dá!

Infelizmente, esse tipo de trabalho Fine Art precisa de uma narrativa muito forte, precisa ter contexto, história — e não dá pra fazer isso simplesmente jogando um post no Instagram, por exemplo.

"Você está tentando criar obras fine art no brasil?"

A galera que consome Instagram hoje em dia está euforicamente "dopaminada" com esse ritmo acelerado de consumo de conteúdo. Ninguém mais quer saber o motivo, entender o contexto, o porquê, o como, de onde e pra onde…

E, além disso, tem os comentários de quem está completamente fora do seu mundo da sua atmosfera. Imagina: chegar num maestro e fazer piada com a forma como ele rege. É exatamente isso.. Eu não vivo aquele estilo de vida.

Então, definitivamente, é quase impossível eu mostrar todos os meus trabalhos. Não dá. Não cabe nesse espaço superficial e sem contexto.

Esse não é o tipo de foto que vou postar no Instagram para que todos possam ver. O que faço aqui é algo mais autoral, inspirado em referências que muita gente nem conhece — por isso prefiro mostrar esse trabalho de forma mais reservada, pra quem realmente se interessa por esse olhar. Melhor ainda se fosse impresso! No futuro isso se tornará realidade.

Enfim, vamos lá!

Essa é a identidade fotográfica que eu buscava, as cores, a luz, a composição. Tudo nessas fotos fazia parte 100% do que eu já imaginava dessa sessão.

Esse é um dos ensaios mais recentes e, olhando pra ele, dá pra perceber claramente o quanto houve amadurecimento, uma evolução técnica — na luz, na composição, na direção — mas, principalmente, no olhar.

Na forma como, hoje, eu enxergo o corpo, a pele, a expressão… e, sobretudo, aquele espaço entre o que se revela e o que não se revela.

Esse é o ponto central: mesmo não sendo comum, na nossa cultura, esse tipo de ensaio, com uma estética mais artística, é totalmente possível fazer um trabalho magnífico — que vai muito além de parecer simplesmente “umas fotos nudez”.

E, apesar de falar em “técnicas” — seja de luz ou de composição —, a real é que, nesse ensaio em específico, eu não segui regra nenhuma. Ou, pelo menos, isso não era o foco. O que me guiou foi só o resultado que eu queria visualmente, a imagem que já estava na minha cabeça.

Antes mesmo de saber quem seria a modelo pra essa sessão, eu já tinha pensado nessa foto. Quando montei tudo, imaginei exatamente qual seria a fotografia perfeita dentro daquele contexto, com a bagagem visual e as referências bem apuradas.

E é essa foto aqui... O mais próximo possível.

Essa é exatamente a foto que eu queria desde o começo. Era aquilo que eu quis fotografar, direcionar, criar. E, como o tempo já me mostrou, nenhuma foto boa — artisticamente falando — simplesmente acontece, eu sabia que teria muito trabalho até chegar nesse resultado.

A gente está falando de uma modelo que nunca tinha passado por uma experiência de ensaio fotográfico, muito menos por algo tão intimista como esse. Então, chegar nessa foto não é simplesmente pedir pra ela subir na cama e olhar pra câmera. Tem todo um trabalho por trás — que eu gosto de chamar de feeling — pra conseguir esse tipo de resultado.

O Feeling, pra mim, é aquela sensibilidade que vai além da técnica. É perceber o momento certo, entender o ritmo da modelo, saber quando direcionar e quando só deixar acontecer. Não dá pra aprender num manual — é construção, conexão e intuição. O Feeling e a Arte andam de mãos dadas!

Pode até parecer estranho pra alguns, mas essa foto só aconteceu praticamente no final do ensaio, quando a modelo já estava completamente vulnerável — no melhor sentido da palavra. Ali existia confiança, motivação, arte, uma conexão real entre modelo e fotógrafo.

Não era só uma mulher se exibindo para uma câmera, mas a junção da arte natural dela, do corpo dela, com o meu olhar artístico, transformando tudo isso em uma fotografia única. Uma obra exclusiva.

Meu objetivo com esses ensaios sempre foi construir o melhor portfólio possível. Mas, com o tempo, percebi que essas obras não eram tão simples de compartilhar. São fotos diferentes, lindas sim, mas que carregam muito da intimidade e personalidade da modelo e também a minha, como fotógrafo.

Por isso, até hoje, foi muito difícil conseguir mostrar esse trabalho de um jeito que as pessoas realmente entendam o que eu sinto quando olho pra ele. Não dá só para postar no feed e pronto… as pessoas não vão captar, não vão entrar nessa mesma sintonia.

Quando comecei a levar esse tipo de ensaio mais a sério, entendi que não dava para ficar só no que eu via por aqui — precisava ir além do óbvio. E foi aí que me deparei com as fotografias P&B de fotógrafos russos.

Tem algo na estética deles — aquela mistura de crueza, sensibilidade e arte — que mudou meu modo de ver uma fotografia, me marcou e me guiou por esse caminho.

Comecei a mergulhar nisso, buscando tudo que podia: luz, composição, direção… tudo pra entender como eu podia aplicar aqui, com uma modelo que muita gente talvez olhasse e simplesmente chamasse de “comum”.

Mas quando a gente para pra olhar de verdade, percebe que tem muito mais: presença, intensidade, uma beleza que não precisa ser forçada.

Quando comparo com os primeiros ensaios que fiz, percebo que hoje existe uma busca muito maior pela naturalidade, pela simplicidade, pelo conforto, mas também a intensidade silenciosa que só quem dirige e observa com calma consegue captar.

Nesse ensaio, a luz natural que entra pela janela desenha o corpo, cria sombras, modela, mas sem agredir, sem forçar. É uma luz, presente, que cria atmosfera. E tem algo que eu priorizo e muito nos meus trabalhos autorais é a atmosfera! Esse controle e percepção, que antes eu ainda buscava entender, hoje já surgem quase como um instinto.

O cenário é simples: cama, lençóis claros, uma janela, um espelho… e é justamente nessa simplicidade que a fotografia ganha força. Não tem excesso, não tem distração. O foco é a modelo — sua expressão, sua narrativa, sua presença.

A direção também mudou. Antes, eu me preocupava demais com poses, em conduzir cada movimento. Hoje, sei que a naturalidade é o que faz a imagem respirar nesse estilo em específico. A modelo está entregue, confortável, e isso transparece nos olhares, nos gestos, no corpo que ocupa o espaço com leveza e segurança.

Detalhes técnicos que posso colocar aqui:

  • Luz: mais consciente, mais bem utilizada para valorizar formas e criar profundidade. A luz entrando pela janela cria um desenho bonito no corpo, com sombras que modelam, criam textura e transmitem suavidade. Há um equilíbrio entre o claro e o escuro, principalmente nas fotos em preto e branco.
  • Composição: limpa, direta, funcional. Sem elementos que atrapalhem, com foco total na modelo. A escolha do quarto como cenário, com lençóis claros e elementos simples, valoriza a modelo e evita distrações. Dá espaço para que o corpo seja a linha narrativa da imagem.
  • Direção: mais leve, mais confiante, menos forçada. A modelo demonstra conforto e entrega, tanto nas poses mais introspectivas (como na primeira foto, de olhos fechados) quanto nas mais sensuais e desinibidas (como as deitada ou ajoelhada na cama). Isso é maturidade na direção.

Eu quis usar o espelho em alguns momentos para adicionar uma camada narrativa interessante, explorando reflexo e percepção. Além disso, reforça a ideia de autoimagem — algo muito presente na fotografia boudoir contemporânea.

Claro que ainda há o que melhorar. A exposição, em alguns momentos, poderia ser mais equilibrada, evitando que algumas áreas de luz se sobreponham demais e estourem a textura. E talvez seja o caso de experimentar novos ângulos, novas texturas, novos objetos no cenário. Mas o que mais me orgulha aqui é perceber que o estilo está cada vez mais definido — uma assinatura bem clara que mistura sensualidade, minimalismo e naturalismo.

Mesmo que inconscientemente, vejo nesse trabalho referencias de artistas e fotógrafos que admiro:

  • Nan Goldin, com aquela intimidade quase documental, onde a vulnerabilidade é potência.
  • Peter Lindbergh, com sua fotografia crua, verdadeira, e o uso impecável do preto e branco.
  • Peter Coulson, talvez não seja tão conhecido, mas o trabalho autoral dele é, sem dúvida, o que mais me inspirou na criação dos meus próprios ensaios. O fator determinante que me fez admirar e acompanhar o trabalho dele é a fotografia em preto e branco — o contraste, a forma como ele consegue captar o sentimento mais profundo das modelos nos retratos. Isso, pra mim, é o que faz toda a diferença.

Foto por: www.peter-coulson.com.au/women-i

O recurso do espelho me remete a muitos trabalhos contemporâneos de boudoir, mas com uma camada narrativa intrigante: o jogo entre a autoimagem e a imagem construída. O uso da luz e sombra flerta com a dramaticidade suave de quadros renascentistas, como Caravaggio e Rembrandt — mas suavizada, tornada mais etérea.

Diria que esse ensaio se encaixa perfeitamente no que gosto de chamar de “Boudoir Contemporâneo Intimista”. Não é o sensual exagerado, explícito, mas também não é puramente romântico ou delicado. É um meio-termo elegante, minimalista, que valoriza o corpo sem vulgarizar, que provoca sem forçar.

Um ensaio que convida mais ao olhar atento do que ao olhar apressado. Que pede pausa, presença, contemplação, e aqui entra o ponto onde falei sobre não conseguir apenas fazer um post no Instagram, lá todos estão na euforia, passando o Feed rapidamente, e quem passar por uma fotografia dessa sem sequer tentar entender o que ela representa, não vale a pena pra mim. Prefiro mantê-las guardadas e um dia quem sabe, em uma exposição de artes.





APARTIR DAQUI, VOCÊ VERÁ UMA ESPÉCIE DE GALERIA EXPLICATIVA, MOSTRANDO CADA FOTO COM OS DETALHES DO QUE PENSEI, COMO CONSTRUÍ E O QUE ACONTECEU EM CADA MOMENTO.







Em cada foto desse ensaio, vou detalhar o que pensei ao compor a imagem, como cheguei no resultado final e como tudo foi acontecendo, ali, em tempo real. Muitas vezes, quem vê apenas a foto não faz ideia de como foi o momento em que ela surgiu — e explicando isso, tudo fica mais claro, mais simples, e qualquer pessoa consegue compreender o processo por trás de cada clique.

Contextualizando: um ensaio sensual intimista, com um tom mais dramático, explorando luz e sombra — essa era a nossa ideia.
Local: em casa, usando um quarto simples, lençóis brancos e a luz que entrava pela janela. Um ambiente casual, comum, mas que virou cenário pra algo muito maior.


Primeira foto:

Quando cliquei essa foto, a modelo ainda estava extremamente nervosa, tímida, sem saber muito bem o que fazer. É uma situação delicada — ela não é profissional, nem tem como hobby posar em sessões fotográficas, então o clima no começo ainda era meio tenso.

Sempre converso bastante com a modelo antes, explico tudo, e deixo claro: se ela confiar 100% no meu trabalho, pode ter certeza que vou tirar as melhores fotos possíveis dela.

Pensa comigo: o ambiente é super casual, um quarto comum… e ela tá prestes a fazer um ensaio muito íntimo. É natural que qualquer pessoa fique apreensiva, com medo de não ficar bom, ou até com alguma objeção consigo mesma.

Essa foto era, na teoria, só um teste, mas também já foi pensada pra mostrar o que eu queria extrair dela no ensaio: aqui, a silhueta fala mais alto, destacando a feminilidade e aquela sensualidade casual, mas num tom mais delicado, mais “fofo”, com um short de dormir e um top básico.

Claro, essa não foi exatamente a primeira foto. Se eu mostrasse pra ela a real primeira foto, provavelmente ela iria se chatear e o ensaio talvez nem rolasse. Naquela, ela estava caída, meio corcunda, o corpo quadrado, sentada de um jeito nada natural, e o cabelo… completamente perdido, sem nem saber o que estava fazendo ali.

Então pedi pra ela sentar mais na beirada do colchão, pra criar essa curva que começa na coxa, contorna a lateral do quadril e sobe afinando na cintura, que ficou propositalmente escondida pelo braço — que também foi posicionado pra reforçar esse “funil” da silhueta.

Não é maquiagem visual, nem distorção… é só um aperfeiçoamento artístico do que já é naturalmente bonito no corpo feminino.

Por fim, deixei a sombra no rosto propositalmente, pra ainda esconder aquele semblante de nervosismo, de medo de tudo dar errado — que, ali, ainda estava presente.

E nesse momento, já começo a pensar na evolução da conquista da modelo: ela sabe que é um mulherão, mas também sabe das suas imperfeições — que, na real, todo mundo tem e não gosta.


Segunda foto:

Não foi exatamente o segundo clique, mas sim a segunda “foto boa”, o segundo passo, a progressão natural da sequência. Aqui, eu já queria avançar um pouco mais no impacto visual, mas sempre deixando ela o mais confortável possível.

A todo momento a gente estava conversando, explicando as ideias, falando sobre o que eu queria com aquela foto, com aquela pose. Pedi pra que ela tirasse o top e ficasse só com a calcinha. Só que quando falo isso, sei que crio automaticamente uma tensão no ambiente, talvez até um certo desconforto. Mas, ao mesmo tempo, ela confiava em mim.

E aqui tá o meu segredo: naquele contexto, éramos quase amigos. Já tínhamos falado sobre tudo — sobre calcinha, bunda, peito, sobre o que ela gostava no próprio corpo, sobre a ideia de ficar totalmente nua pra um fotógrafo… mas sempre com o acordo de que nada íntimo, de fato, apareceria nas fotos. Tínhamos esse consenso.

Só que o ponto mais importante vem nesse momento: quando peço pra ela tirar o top, eu jamais fico olhando enquanto ela faz isso. Esse é um instante onde ela ainda está vulnerável, e se eu ficasse encarando, poderia criar uma barreira gigantesca entre nós.

Então, enquanto ela troca, eu simplesmente ajo como se fosse a coisa mais normal do mundo — começo a mexer na configuração da câmera, a falar sobre qualquer assunto aleatório, como, por exemplo, a distância que ela percorreu pra chegar até ali. Afinal, ela praticamente atravessou a cidade de ponta a ponta só pra fazer essa sessão comigo.

E, nesse momento, nem penso em olhar o corpo dela de forma direta, tentando imaginar uma foto boa ou coisa do tipo. A situação já é, por si só, desconfortável. Ela tá tímida, e eu também fico um pouco nervoso, porque é uma cena onde não posso errar.

Aqui é diferente de quando se fotografa uma modelo profissional, que entende que, às vezes, uma foto não fica boa e tudo bem, dá pra repetir sem drama. Mas imagina a cabeça de uma mulher comum, que não trabalha com isso, que se expôs literalmente, e no fim as fotos ficam ruins? Pode ser catastrófico. Pode mexer com a autoestima dela de um jeito muito sério.

Por isso, nesse momento, eu sempre incorporo um personagem que, sinceramente, “liga o foda-se” pra o fato dela estar tirando a roupa. É como se eu fosse aquele amigo fotógrafo gay — a referência que, pra muita mulher, é um espaço seguro, confortável. Eu preciso criar esse nível de segurança, de confiança, de leveza.

Agora, falando dos detalhes técnicos da foto: posicionei ela de frente pra janela, meio de costas pra mim, com os cabelos cobrindo ao máximo os seios. Queria ir aos poucos, fazendo ela entender o ensaio, entender as poses, perceber que eu não estava ali pra ver como é o corpo dela sem roupa, mas pra quebrar esse dilema sexual que a nossa cultura brasileira coloca em absolutamente tudo.

Sim, o corpo dela é sensual, é bonito, como toda mulher, que por sua natureza é visualmente mais atraente do que um homem enrugado e barbudo. Toda mulher, mesmo aquela que se sinta mais masculina, ainda assim é, de alguma forma, mais atraente, mais sensível que qualquer homem.


Mais algumas sequencias de fotos dessa mesma pose:

Percebe-se que, aos poucos, fui mudando pequenos detalhes: as mãos agora repousam sobre os seios, o cabelo já revelou um pouco mais do corpo, o olhar ficou mais sereno, mais delicado… ainda estou brincando com essas possibilidades.

Até esse momento, ela se mantinha no mesmo nível de conforto, porque eu conduzi o ensaio de forma harmoniosa, pra que, dentro dos primeiros cinco cliques, ela já estivesse quase completamente nua — mas, ainda assim, se sentindo segura, confortável e plena.

Aqui, estamos construindo uma narrativa, uma história. Não dá pra apressar, não dá pra jogar os pés pelas mãos. É um degrau de cada vez, pra que cada foto seja bem aproveitada e tenha sua força.


Terceira foto:

Nessa foto, eu já senti que ela estava mais conectada ao ensaio, então pedi pra que ficasse um pouco mais de frente pra câmera. E, de novo, trouxe o cabelo pra frente, por dois motivos: primeiro, porque a cor dele combinava perfeitamente com a luz da janela e com o tom da pele; e segundo, pra que ela mantivesse esse nível de conforto.

Ela já estava um pouco mais vulnerável, mas a confiança — tanto na sessão quanto nela mesma — já tinha subido de nível.

Dá pra notar que eu faço o contrário do que muitos fotógrafos fazem. Quando o modelo é mais tímido, o “certo” seria começar fotografando de longe, tentando ser o menos invasivo possível até ganhar a confiança de quem tá na frente da câmera.

Mas eu prefiro trabalhar de forma inversa, porque sei que, comigo, os resultados são melhores assim. Até porque essa condução é toda pensada desde o início, dias antes. Mesmo que as poses pareçam extremamente “improvisadas”, criadas na hora, tudo já vem com uma visão artística bem definida.

Na sequência, vou abrindo os ângulos, revelando mais do corpo como um todo e também mostrando mais do local das cenas.

Nessa foto acima, dá pra perceber que ela voltou um degrau na timidez — visível no olhar e naquele leve sorriso tímido no canto da boca. Aqui, é fundamental eu saber exatamente o que improvisar. Não posso deixar essa atmosfera cair, porque a tendência seria ela se fechar cada vez mais, até o ponto em que eu perdesse o controle da situação. E, quando isso acontece, qualquer foto que eu tentar fazer dali pra frente simplesmente não vai funcionar.

Resolvi isso da melhor forma: conversando imediatamente com ela. Apesar de sempre ter uma música de fundo, não posso deixar o silêncio criar coisas na cabeça dela. Preciso que ela esteja conectada o tempo todo com aquele momento, que nada mais importe — nem os segundos que já passaram, nem os próximos que ainda vão vir.

Nesse mesmo instante, procuro um outro ângulo, enquanto sigo conversando, dizendo o que estou buscando, e fazendo com que tudo pareça o mais natural e casual possível.

Nessa fase, decidi voltar pras costas dela, porque senti que, mesmo que só um pouquinho, ela ficou tímida ao se revelar totalmente de frente pra câmera. Aqui, busquei uma foto mais sensível, explorando as costas através do jogo de luz e sombra.

Mas, logo em seguida, voltei pra frente dela. Não queria que isso virasse uma espécie de muleta — que, sempre que ela se sentisse um pouco tímida, esperasse que eu fosse mudar ou esconder de novo. A partir daqui, a sessão precisava seguir, progredir cada vez mais.

Eu volto pros seios dela, mas já pensando nos detalhes. Lembra que eu precisava, o mais rápido possível, fazer ela se sentir confortável de novo? Aproveitei o gancho da nossa conversa e perguntei sobre a tatuagem: o que era, qual o significado…

E aí veio a carta na manga — porque todo mundo que tem uma tatuagem com significado gosta de falar sobre. E as mulheres, principalmente, adoram conversar sobre os próprios interesses e gostos.

Enquanto ela falava da tatuagem, eu fiz essa foto mais próxima. E as fotos que vieram na sequência foram só consequência de uma boa conversa e de uma conexão real entre fotógrafo e modelo.

Essa foto acima foi o gancho. Eu precisava desse sorriso pra conseguir deixar ela mais à vontade e chegar na foto que eu realmente buscava — queria as duas mãos no corpo, de um jeito um pouco mais sensual.

Mas, antes, soltei uma: “só não pode parecer foto de gestante segurando a barriga”, e esse gatilho fez ela entrar na onda, relaxar. A partir daí, já me senti mais confiante pra pedir um semblante um pouco mais sério, um pouco mais desafiador.

Mudou pouca coisa, mas aquela primeira foto dela sorrindo não era exatamente a que eu queria. O que eu buscava era essa, com as duas mãos em posições visualmente mais provocativas, mas sem gerar um impacto muito forte.

Preciso sempre lembrar que estou lidando com uma moça que, podemos dizer, é incomum pra esse tipo de direção fotográfica. Tudo que eu disser pode ser interpretado de duas maneiras. E, como ela não vive esse universo da arte e dos ensaios, se eu simplesmente falasse “quero as duas mãos na frente, uma sobre os seios e a outra mais embaixo, criando um contexto mais provocativo”, isso, num primeiro momento, poderia confundir ou até travar ela sobre o que exatamente eu queria.

E é aí que entra o feeling. Provavelmente, nesse momento, soltei mais algum comentário pra quebrar qualquer clima tenso que pudesse surgir entre uma foto e outra. Isso é instinto puro. Como fotógrafos, a gente precisa dominar isso, porque é justamente aqui que está toda a diferença pra uma experiência positiva, especialmente pra quem nunca passou por algo assim.

Sempre, depois de alguns sorrisos, eu tento colocar um pouco mais de ousadia na expressão corporal e facial dela.

E foi exatamente o que fiz aqui: fui progredindo, mudando o look e o local. A essa altura, ela já conseguia me entregar toda a sua sensualidade e o poder feminino de persuasão em apenas uma foto. É nesse estágio que eu preciso chegar — ou, pelo menos, o mais próximo possível.

Nessa foto, já dá pra ver algo completamente diferente. O jeito como ela me encara mostra mais firmeza, mais autoridade. Ela já entende que pode confiar em tudo que tá acontecendo ali — nas minhas direções, no processo — e, acima de tudo, confia nela mesma.

Entre essa imagem e as anteriores, rolou mais uma troca de roupa. Pedi pra ela tirar o short pra gente explorar uma proposta diferente. E, como falei lá atrás, esse momento é sempre delicado, porque a troca aconteceu ali mesmo, no mesmo ambiente. Mas com toda a narrativa que a gente foi construindo ao longo do ensaio, ela já se sentia segura, sem constrangimento. Aqui já é arte acontecendo, trabalho fluindo, ideias progredindo. Em poucos minutos, criamos uma intimidade e uma compreensão muito reais.

Nessa imagem, minha intenção era equilibrar ousadia e delicadeza. As mãos tocam o tecido com suavidade, mas existe aquela dúvida no ar — o que ela está usando por baixo do blazer preto? O joelho levemente apoiado na beira da cama guia o olhar de quem vê, criando curiosidade e provocando sem mostrar. É esse jogo de sugestão que constrói a força da imagem.

Nessa próxima foto eu avanço mais um degrau nesse segmento:

Aqui eu peço pra ela levantar o blazer — sem precisar dizer que quero que o bumbum apareça. Ela já entende o que está acontecendo. Nesse momento, eu estou testando o nível de autoconfiança dela sob minha direção. Isso é importante pra medir até onde podemos ir: entender o ritmo da progressão, o quanto ela tá segura com o próprio corpo, se superou algum limite pessoal e o quanto ainda está disposta a entregar dentro do ensaio.

Na sequência, deixei ela viver o próprio momento, sem interferir. Apenas fiz uma segunda foto, chegando um pouco mais perto, deixando que a conexão acontecesse de forma natural.

É nesse momento que eu pego o detalhe da tatuagem aparecendo. Peço pra ela deixar o cabelo mais “mulherão”. Até aqui, apesar de termos avançado bastante, ainda estava tudo muito sutil. Agora, eu queria um pouco mais de atitude, de presença — algo que combinasse com esse detalhe que começa a aparecer no corpo e também no jeito dela se posicionar.

Peço esse volume de cabelo pra deixar toda a cena dentro do mesmo conceito, e aqui eu já tô praticamente satisfeito. Já não é mais difícil extrair uma foto mais ousada sem que ela se sinta desconfortável — a conexão tá feita, o clima tá leve e natural.

A ideia continua a mesma. Nessa hora, é o feeling que manda. Não tenho referência ou pose pré-definida — estamos criando as nossas próprias. Eu vou brincando com o que dá pra variar nesse momento, sentindo a cena e deixando as coisas acontecerem naturalmente.

A partir dessa pose, com o corpo já bem desenhado, a luz bonita, a expressão corporal e facial dela bem definida… qualquer foto que eu pedir daqui pra frente vai ser um “fotão”.

Nessa em preto e branco, pedi pra ela me encarar com mais seriedade, porque o perfil de rosto dela é muito atraente. Ao mesmo tempo que ela consegue ser delicada e sexy, também transmite algo de perigoso e misterioso — e isso a gente descobriu ali, no meio da sessão, nessa conexão que criamos.

As fotos que vieram a seguir fiz como um “descanso”, uma transição entre tudo que já tínhamos construído e o próximo degrau que iríamos atingir: a nudez.

Dá pra perceber que, mesmo nessa transição, onde deixamos a ousadia um pouco de lado, ainda existe sensualidade, conexão, a conversa… tudo continua ali, mantendo a atmosfera leve e agradável. Nesse ponto, eu já tinha certeza absoluta: ela estava completamente à vontade pra fazer qualquer foto que quiséssemos.

E eu sigo de forma bem direta: peço pra ela abrir o blazer. Aqui, a gente revela mais do corpo dela, de forma clara. No começo do ensaio, seria impossível ela fazer isso de maneira natural, espontânea, sem ficar tensa.


Só que aqui tem um detalhe que nem todo mundo pensa ou lembraria: ela é uma modelo inexperiente, uma pessoa comum que tá se expondo, posando pra um ensaio sensual, confiando em mim. Por mais que já estivéssemos num nível bem avançado do ensaio, eu pedi pra que ela, gentilmente, segurasse nas bordas da peça inferior e olhasse pra ela mesma, como se estivesse, de fato, arrumando algo que estava meio desajeitado.

Faço isso porque essa é uma foto que causa impacto — o corpo dela tá um degrau mais exposto. E, como fotógrafo homem, preciso garantir que ela não se sinta desconfortável com a situação. Aqui, foi um acerto. Talvez, se ela tivesse olhado diretamente pra câmera, não mudaria nada, não regrediria na timidez… mas eu não posso arriscar. Preciso conduzir o ensaio de forma sequenciada, respeitando cada etapa.

As fotos seguintes funcionam como várias coisas ao mesmo tempo: transição de cenário, de pose, de look, de ideia. Fiz sem ter certeza absoluta do que viria depois, mas sabia que o próximo passo era evoluir — nas fotos, nas poses, no contexto visual.

Nessas fotos, não tem segredo. Tudo que ela estava fazendo era sob a minha direção — as mãos, o rosto, o corpo… cada detalhe.

Na foto abaixo eu finalizo essa transição trazendo a câmera de volta pra ela, na mesma pose anterior. Foi algo rápido — pensei, virei a câmera e fiz a foto, enquanto ia direcionando: onde colocar a mão, como deixar a boca entreaberta, pra onde olhar… tudo no fluxo.

E aqui avançamos mais um degrau no ensaio. A partir desse ponto, as fotos já são mais ousadas, visualmente falando, mas sem perder as ideias e referências visuais que definimos no início.

Até aqui, o ensaio já poderia ser considerado pronto — já tínhamos boas fotos e alcançamos nossos objetivos. Mas, como conversamos antes, nossa proposta era progredir. Um ensaio sensual pode ir do discreto ao explícito, ou até ao nu completo. E, nesse caso, chegamos ao nu completo, mas com um combinado claro: em nenhuma foto mostraríamos partes íntimas de forma explícita. Queríamos manter sempre essa atmosfera de luz e sombra, de sugestão.

Seguindo, perguntei se ela estava bem, se estava cansada ou se podíamos continuar. Ela estava animada pra seguir. Animada porque, até aqui, ela vinha acompanhando o resultado na câmera, se via nas fotos e se gostava — e esse é um ponto extremamente importante. Pra modelo se sentir confortável numa posição de vulnerabilidade, ela precisa saber que o resultado tá ficando bom, que corresponde ao que ela imaginava.

Então, progredimos. Pedi pra que ela subisse na cama, de joelhos, sentada sobre a parte de trás dos pés — uma posição extremamente desconfortável pra ela, então eu precisava ser rápido e certeiro nos cliques.

Usamos também o espelho pra criar reflexo e reforçar a ideia de que ela não é apenas um objeto no cenário. Apesar de, nesses ensaios, o corpo falar muito visualmente — como naquela parte em que o bumbum aparece em meio ao blazer —, o espelho ajuda a lembrar que ali ainda existe uma pessoa, e não só um corpo sendo fotografado.

Pronto, chegamos nesse nível. Aqui eu não podia demorar muito e, sinceramente, também não tinha muito o que fazer além do essencial. Naquele momento, o que dava pra ser feito rapidamente, eu fiz.

Nas próximas fotos, quis deixá-la confortável, descansando um pouco, mas ao mesmo tempo aproveitei esse momento pra garantir bons cliques. Deixei ela sentada, de frente pra câmera, mas de costas pra luz — e, nesse instante, eu brincava justamente com isso: luz e sombra, compondo e testando o que aquele cenário ainda podia me oferecer.




Essa última foto acima em P&B, eu gosto muito. Aqui consigo deixar bem clara a minha identidade visual, a minha marca como fotógrafo: a luz, a sombra, o mistério… a forma como ela posiciona o corpo, sentada, criando curvas sutis, segurando o blazer de um jeito que faz quem olha parar e observar cada detalhe.

E essa ideia de segurar o blazer reforça ainda mais o mistério — não conseguimos ver o corpo, mas, ao mesmo tempo, ele está completamente entregue na fotografia. Isso, pra mim, é arte.


Nessa foto acima, é aquele típico momento das minhas interseções, entre uma pose e outra, criando e mantendo o ambiente sempre agradável, com uma boa atmosfera. Sobre isso, já falei um pouco mais lá atrás.


E isso é importante porque preciso prepará-la para as próximas fotos, fazendo ela entender que tudo está saindo exatamente como a gente esperava.


Aqui eu criei algumas fotos com uma luz mais clara, onde conseguimos ver todo o corpo da modelo — dá pra observar as tatuagens, os detalhes do cabelo, a cor dos olhos e todas as curvas do corpo dela.


Nas próximas fotos, sigo a mesma ideia, mas com uma pegada mais criativa e com a minha identidade visual bem marcada.

Nessa foto eu me lembro exatamente o que disse: "Vou fazer o foco lá atrás no bumbum, deixe um pé encima do outro pra ficar mais delicado"

E nessas fotos mais “obscuras”, eu gosto de manter esse mistério — essa sombra dura que deixa o ensaio ainda mais íntimo, mais denso, com aquela atmosfera que eu sempre busco.


Aqui não tem segredo. Já chegamos até aqui construindo toda uma narrativa — agora é só saber aproveitar o momento e clicar tudo que for bom, como, por exemplo, os detalhes e as variações de ideia dentro da mesma pose, que vêm a seguir.

Nessas fotos, dá pra perceber que só o contorno do corpo dela já é visualmente bonito. Mas eu acrescentei o elemento “mão” pra reforçar ainda mais essa ideia e conseguir diferentes variações dentro da mesma pose.

Progredimos mais uma vez pro espelho. Nessa sequência, já não estávamos mais usando a luz natural, e sim a do LED, que vinha iluminando o rosto dela, criando uma atmosfera diferente.


Nessas fotos, eu acabo aparecendo no espelho. Particularmente, não ligo pra isso — acho até maneiro quando o fotógrafo aparece em algum reflexo, meio que faz parte da cena.

Mas, claro, se fosse um ensaio só pra modelo, ou pra ela presentear alguém, como o marido, por exemplo, eu evitaria que isso acontecesse. Acho que, nesses casos, não seria legal ter o reflexo do fotógrafo dividindo a mesma cena com ela.



Nessa próxima foto, num tom de brincadeira, pedi pra ela olhar pro espelho como se estivesse tentando se seduzir, só pra criar algo mais espontâneo. E tivemos esse resultado — claro, com muitas risadas.


E também algo mostrando levemente o corpo e, claro, o cabelo — que, sinceramente, faz total jus ao apelido “Rapunzel”. Que cabelo espetacular!


A próxima foto também tem um impacto visual bem forte. No nível que já chegamos na sessão, qualquer foto que eu fizer daqui pra frente, pra ela, é normal, é bonito — e ela topa todas as ideias.

E essa ainda não é a foto que tem o maior impacto visual. Mas mesmo assim ela tem uma presença muito marcante. Nesta obra, a forma humana é elevada à sua essência mais pura: luz, sombra, textura e silêncio. O corpo, posicionado com naturalidade, abandona qualquer intenção de sedução explícita para se transformar em escultura viva, moldada pela luz que invade esse espaço.

O tecido amassado e as dobras no lençol criam uma extensão da pele, reforçando a materialidade e a imperfeição da cena — elementos essenciais à estética fine art contemporânea, que busca a beleza no real, no inacabado, no gesto espontâneo.

O meu olhar nesse exato instante não está interessado apenas no corpo, mas na maneira como ele dialoga com o espaço, como se dissolve na penumbra e revela volumes esculpidos pelo contraste. Quero transformar essa cena em uma verdadeira obra de arte, e para que isso funcionasse eu precisei explicar todo o contexto fotográfico desde o início até aqui. O corpo sozinho é belo, mas o toque de olhar artístico, essa cena deixa de ser apenas uma cena comum e passa a ser como uma pintura cheia de técnicas e de chiaroscuro.

Mais do que uma fotografia sensual, esta é uma representação visual da intimidade e da confiança entre modelo e fotógrafo, onde o nu não é um fim, mas um meio: meio de expressão, meio de arte, meio de comunicação silenciosa.

Vocês podem perceber que, sempre que tenho uma pose da modelo, nunca faço exatamente a mesma foto. Eu sempre vou variando — e isso acontece muito rápido, ali, no flow do momento.

Enquanto clico, vou conversando e dizendo exatamente o que estou fazendo: coisas como “vou focar no seu rosto lá no fundo” ou “quero mostrar um pouco mais do seu corpo nesse ângulo… empina mais o bumbum… junta os braços… faz um olhar mais imponderado… ajeita o cabelo”.

Não é uma regra, não é algo que eu sempre falo do mesmo jeito. É puro feeling, depende do momento, da energia que está rolando no ensaio.


Agora eu peço pra ela mudar o look — tirou o blazer e colocou uma camisa branca, aberta, pra deixar a paleta visual ainda mais harmônica.

Mais uma vez, ela está apoiada com o joelho na beira da cama, mas agora o bumbum já aparece com mais intensidade. E o mais importante: ela já não sente mais vergonha do próprio corpo.

Uma pose, duas variações: uma com ela olhando pra baixo e outra me encarando. E isso não acontece sozinho.

Uma modelo profissional já tem a manha — vai ouvindo os cliques e automaticamente muda de pose, sabe usar um arsenal gigante de variações, movimentos de braço, de corpo…

Mas quando a modelo é uma pessoa comum, eu não exijo muito. Só peço pequenas coisas: onde colocar os braços, pra onde direcionar o olhar… sempre preservando a beleza visual, que nesse tipo de foto conta muito.

Não dá pra fazer um ensaio sensual sem se preocupar, por exemplo, se a modelo tá com uma dobra indesejada no quadril, ou meio corcunda numa pose que claramente não era pra ter esse aspecto.

Tudo precisa ser pensado ali, na hora, no detalhe.

É importante dizer também como eu penso nessas fotos. Esse tipo de ensaio é muito orgânico, algo sutil, natural. Não existem poses super elaboradas, como num ensaio de moda ou fashion, por exemplo.

Aqui, eu vou avaliando como a modelo se comporta já nos primeiros 5 minutos de ensaio. Já teve caso de eu pedir pra ficar de joelhos, por exemplo, e ela fazer aquela cara de “puts, já tá me dando trabalho ter que fazer essas fotos”. E eu percebo isso na hora.

Quando acontece, já sei que a personalidade da modelo é mais “chatinha”, mais resistente. E, nesse caso, eu limito minhas ideias — não quero dor de cabeça, nem me estressar com quem não tá na mesma sintonia do ensaio.

Infelizmente, quem sai perdendo nisso é a modelo. Ela veio até você, ela pagou pra ter uma sessão exclusiva, e o preço é o mesmo — ela se entregando de verdade ou não.


Essa pose é clássica, mas um detalhe faz toda a diferença. Dá pra notar que, nessa foto, pedi pra ela segurar a blusa com as duas mãos, deixando os braços bem junto ao corpo. O olhar levemente fechado, o queixo virado pro lado do ombro…

E eu sempre uso aquela frase: “ombrinho de friozinho”. É quando a modelo meio que se aperta, se abraça, e o ombro sobe levemente em direção ao queixo. Isso soa delicado, soa sereno, soa feminino… soa natural.


Essas próximas fotos também não têm muito segredo. Aproveitei que ela estava de branco e, na mesma hora, alguma referência visual de outro ensaio que eu já devo ter visto me veio à cabeça. Pedi pra ela sentar na mesa que estava atrás do tecido — algo meio despojado, com uma vibe bem relaxada.

Eu sempre bato nessa tecla: todo resultado do seu trabalho vem da sua criatividade, sim, mas antes disso, nasce de uma inspiração. A partir dali, você vai criando memórias, formando algo que eu chamo de “Bagagem Visual”.

E, por coincidência, hoje isso faz total sentido pra mim quando penso em Inteligência Artificial: o banco de dados, a forma como os algoritmos aprendem sobre o que você consome e otimizam os resultados de acordo com a sua personalidade. No nosso cérebro, funciona do mesmo jeito: de tanto consumir aquele conteúdo, aquela referência que você gosta, quando vai fotografar, se torna algo tão natural que você nem percebe que já viu aquela mesma ideia em outro lugar ou em outro ensaio.



Na sequencia eu criei mais algumas fotos usando o espelho e essa linha sensual mais artística usando agora um look branco


Essa ideia abaixo é simplesmente uma referência de algum ensaio que eu já tinha visto antes, em algum momento. Como ela já estava bem mais à vontade, ficou fácil pedir: queria uma expressão mais séria, as mãos sobre a cama, inclinando o corpo pra frente — num comportamento mais invasivo, que chega mais perto de quem está olhando a foto.



Lembrando que eu sempre penso em fotos de transição — e isso pode acontecer do nada, a qualquer momento da sessão. Aqui, percebi que seria legal pegar um reflexo dela no espelho, focando só no corpo, seguindo essa ideia do sensual.

E esse look mais ousado e transparente que ela estava usando reforça ainda mais essa proposta, deixando a cena com um ar ainda mais marcante.



Feita essa foto de transição, aproveitei também pra criar algo com ela sentada na cama, repetindo a mesma ideia que já tínhamos feito lá atrás — mas agora com outra roupa, na tentativa de obter um possível resultado diferente.

Não ficou exatamente idêntico ao primeiro, mas conseguimos uma segunda opção, uma variação interessante das mesmas ideias que já havíamos explorado.

Nesse caso aqui em específico, eu consigo gostar bastante do resultado dessa foto abaixo. É uma pose bem simples, fácil da modelo fazer e fácil de eu direcionar.

Nessa cena, posicionei ela contra a luz e pedi pra, levemente, abrir os lábios com um olhar mais suave. E, como sempre, vale lembrar: as mãos eu peço pra deixar onde ela se sentir mais confortável. Só quando isso não funciona ou não fica visualmente interessante, aí sim, eu direciono e peço pra colocar onde, pra mim, fica mais bonito na foto.


A foto a seguir já é, sem dúvida, o maior avanço que tivemos até aqui. Na imagem anterior, ela ainda estava usando esse conjunto de dormir, um babydoll. Sem nenhuma transição forçada, apenas pedi pra que ela retirasse a peça de cima.

Lembra quando, lá no começo, falei sobre não ficar diretamente olhando pra modelo quando ela se troca? Aqui, isso ainda se aplica. Mas o mais interessante é que, quando pedi pra ela tirar o babydoll e ficar só de calcinha, ela fez isso imediatamente, totalmente confortável, sem precisar sair de canto, sem aquele movimento de se preservar ou se esconder atrás de mim.

Agora ela estava completamente entregue e conectada com a sessão. Tudo pra ela já era natural, normal… não existia mais aquela barreira, aquela objeção, aquele clima tenso do início.

Dando sequência, pedi pra ela ficar de joelhos, pra criarmos umas fotos que tínhamos como referência, com a ideia de contraluz bem marcada.


Nessas fotos, eu criei movimento, silhueta e contorno. Tem muita coisa acontecendo nessas imagens: temos a nudez, o preto e branco, o movimento dos cabelos, a ousadia e a serenidade coexistindo ao mesmo tempo.

São fotos simples de fazer — basta dar os comandos certos e clicar junto, no momento exato.

E, logo abaixo, consegui fazer uma foto bem interessante. Voltei pra ideia do espelho, mas preferi focar na silhueta, no corpo próximo à câmera, onde a sombra esconde boa parte dele.

Enquanto isso, o que se revela em luz — o corpo de fato exposto — aparece desfocado lá atrás, apenas no reflexo do espelho.



Na sequência, fiz algumas variações bem diretas. Mesmo já tendo intimidade e autoridade suficientes pra posicioná-la de frente, sem que ela se sentisse tímida, ainda assim preferi fotografá-la de costas, de mais longe, puxando o zoom no reflexo dela no espelho.

Aqui, ela já sabe que o corpo está visivelmente aparente — e isso, pra ela, já é normal. Ela pegou a essência do ensaio e, nesse momento, minha direção é direta, simples e rápida: “segura o espelho, tampa um dos seios com a mão, o outro com o cabelo, abaixa o queixo, vira o rosto”… coisas assim.


Essas próximas fotos já são com outras peças íntimas. Novamente, reforço o que já falamos antes: mesmo com toda a conexão e intimidade que já tínhamos dentro do ambiente, pedi pra ela trocar a lingerie e, enquanto isso, fui fazer outra coisa — arrumar o lençol da cama, ajustar as configurações da câmera…

Preciso ressaltar que, em um ensaio tradicional, ou mesmo num sensual feito em estúdio, o ideal é que a modelo sempre tenha um local reservado pra se trocar. Mas, nessa situação específica, estávamos fazendo um ensaio em casa, num quarto, e já éramos conhecidos, praticamente amigos, mesmo que há pouco tempo.

Mesmo sendo um ensaio fotográfico, era também um ensaio sensual, com várias trocas de peças — e isso já tínhamos conversado antes. Eu disse que ela poderia se trocar ali mesmo e que, se preferisse, eu sairia do local. Mas tudo aconteceu ali, de forma natural.

Somos profissionais. Estamos ali numa sessão: ela atuando como modelo, eu como fotógrafo. Em nenhum momento encaro a modelo com desejo. Meu olhar é totalmente voltado para como o corpo vai se portar artisticamente.

Nessas fotos, minha intenção era apenas deixá-la à vontade. Gostei de como ela ficou, visualmente, ajoelhada na cama. Mas, antes de chegar nessa pose, tínhamos testado várias outras: em pé no chão, sentada na cama, de várias formas… e nada me agradava de verdade. Até que pedi pra ela subir na cama e ficar sobre os joelhos, só pra ver como ficaria — e, vualá, tudo ficou visualmente lindo.

A ideia dessa peça íntima é bem voltada praquele sensual clássico, com lingerie de renda. E o vermelho, aqui, se destaca muito. O contraste entre o tom de pele dela, a luz que entra pela janela e o vermelho da peça cria uma tonalidade muito sensual e marcante.


Aqui eu faço uma versão totalmente clara, com uma luz de fundo que acaba estourando bastante… mas, pra ser bem sincero, eu não me importo com isso. O que me interessava nesse momento era que todo o corpo dela ficasse bem visível.

Não usei nenhuma fonte de luz extra, apenas subi o ISO. E, particularmente, faço muito isso — sou o tipo de fotógrafo que não tem a menor dó de aumentar a sensibilidade do ISO, mesmo que isso me custe um pouco de qualidade final.

Afinal, prefiro ter uma foto com ruído do que não ter a foto, usando como desculpa a ideia de que “não tenho o equipamento adequado”.


Também faço uma versão dramática colorida e P&B:


Essa próxima sequência eu busquei explorar ainda mais o lado sensual do corpo e de como a luz, combinada com o vermelho, criava essa atmosfera sexy.

Gosto muito de usar esse tipo de iluminação em retratos fine art sensual, porque ela evidencia ainda mais a ideia do ensaio, reforça a estética e valoriza cada detalhe da cena.

Pra reforçar ainda mais essa estética exclusiva desse momento, pedi pra que ela, gentilmente, segurasse o próprio bumbum com as duas mãos. Na minha cabeça, isso poderia ficar visualmente bonito.

Além de mostrar o corpo de forma sensual, a ideia era que essas linhas formadas pelos braços — começando lá em cima e descendo até embaixo — criassem uma espécie de moldura natural pro corpo dela.

E, sem qualquer técnica estudada ou pensada antes, isso já funciona pra mim. Sou muito mais da prática do que da teoria — sempre prefiro testar primeiro, depois pensar se, na teoria, faria sentido.

Mais uma variação que tentei foi algumas poses dela sentada na cama. Antes, eu já tinha tentado fazer algumas assim, mas a peça que ela estava usando ficava muito folgada na frente quando ela sentava, e isso criava uma bagunça visual que me incomodava.

Mas conseguimos driblar essa situação e criar mais variações com esse mesmo conjunto. Aliás, esse conjunto vermelho foi uma sugestão dela mesma — ela gosta muito dessas peças, então eu não poderia deixar de aproveitar e tentar o máximo possível de fotos com ele.




Confesso uma coisa: bem nesse momento, eu percebia que essa era a melhor lingerie da sessão. A cor vermelha realçava muito a sensualidade no corpo dela, desenhava super bem as curvas…

Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia meio limitado. Não conseguia mais criar nada novo ali. Acabei voltando pra algumas poses que já tinha feito com outros looks, enquanto tentava imaginar algo interessante — mas sem querer fazer ela perder tempo montando algo que, depois, eu poderia nem gostar e acabar pedindo pra mudar.

E a minha saída foi buscar o espelho.

Nesse caso, eu buscava algo mais delicado e sensual ao mesmo tempo, focado apenas no desenho das mãos dela tocando a própria peça na cintura, captado pelo reflexo do espelho.

Como já vinha desde o início nessa ideia de registro espontâneo, aqui não seria diferente. E, nesse tipo de foto, o fotógrafo precisa estar em total sintonia com a modelo, pra que ela entenda que esses momentos mais invasivos são pra registrar detalhes com maestria.

Não faço isso a todo momento — só quando realmente vejo que pode render uma boa foto.


Essa é uma fotografia bem ousada. Uma foto como essa, onde o rosto da modelo não aparece, faz com que o olhar vá direto praquilo que, normalmente, é considerado “proibido” — partes que, culturalmente, não são vistas como comuns.

Quando peguei o espelho, me veio mais uma bagagem visual à mente. Já tinha visto algo parecido no perfil de um fotógrafo chamado o_gosh. O trabalho dele é muito focado na presença corporal — ele explora o corpo como expressão, mais do que como narrativa ou um ensaio casual.

As ideias dele, muitas vezes, partem justamente dessa cena: mostrar partes específicas do corpo, detalhes da calcinha, as linhas no bumbum, ou até os seios expostos. A arte dele é definitivamente o corpo, de forma crua e direta.

Eu usei um pouco dessa referência aqui, mas confesso que não gosto muito de fazer nesse estilo. Sempre sinto que, quando a foto foca apenas no corpo pra criar uma ideia de sensualidade, ela acaba lembrando muito aquelas fotos sensuais de revista Playboy — imagens criadas só pra produzir prazer.

E não é isso que eu busco. Minhas fotos querem passar outra coisa: admiração, contemplação… como se fossem obras esculpidas, pixel a pixel, literalmente falando.

Mas, como a maioria das minhas clientes já busca esse tipo de ensaio pra elevar a autoestima, se conhecer mais a fundo, entender seus anseios, seus medos, seus limites… sempre vai haver fotos assim também.

Faz parte desse processo: se ver de outra forma, explorar aquilo que muitas vezes é reprimido, e transformar isso em algo bonito, artístico e verdadeiro.


Aqui é o momento do ensaio em que eu valorizo o rosto da modelo ao máximo, 200%. Como já comentei, ela tem uma textura de pele natural incrível, olhos azuis bem clarinhos e um cabelo loiro que fascina qualquer um.

Nesse ponto, eu quis enfatizar tudo isso de forma bem objetiva e, até certo ponto, exagerada. Talvez, com os conhecimentos que tenho hoje, faria ainda mais variações e exploraria outras ideias focadas só no rosto… mas, dentro desse ensaio, consegui mostrar essas características da melhor forma possível.



Esse é, sem dúvida, o momento mais importante desse ensaio. Ela já não sente mais vergonha de posar sem as peças pra câmera, e qualquer pose, se torna muito fácil de fazer.

Já tínhamos conversado sobre muita coisa, e, nesse momento, fui preparando ela para as fotos completamente nua no cenário. É uma exposição forte — quando falamos sobre mostrar o corpo para alguém, não é só físico, é emocional também.

E, como já disse lá atrás, enquanto eu fazia essas fotos dela na janela, já estava conversando e perguntando se íamos seguir para as próximas ideias, sem a peça de baixo.


Nesse caso específico, ela ter tirado todas as peças foi muito mais pela arte, pela experiência diferente de se expressar em um ensaio fotográfico sem nenhuma roupa. Até porque, em nenhum momento, nada que fosse íntimo demais ficou visível — combinamos que ela ficaria sentada e, como estava em contraluz, nada apareceria na foto.

Mesmo com o nível de intimidade e confiança que já tínhamos criado, senti que bateu um certo nervosismo. Por isso, falei: “ok, vou me virar de costas, quando você estiver pronta, me avisa”.

Ela se trocou, me avisou, e fizemos a primeira foto. E, logo de cara, mostrei pra ela a imagem, pra que visse e entendesse que eu não estava mostrando nada além do que ela queria — o cuidado sempre vêm antes de qualquer clique.

Essa reação espontânea de colocar a mão no rosto foi puro nervosismo, por se sentir completamente nua sendo fotografada — e eu registrei exatamente isso.

Gosto muito dessa foto porque ela não é só uma imagem de nudez misteriosa, tem um contexto por trás. Teve um sentimento, uma sensação naquele momento que só ela viveu e sentiu.

Tenho certeza de que, toda vez que ela voltar e rever essa fotografia, vai se lembrar exatamente dessa experiência, desse instante — algo que vai ficar marcado pra sempre.

E, posteriormente, na edição, fiz uma versão da foto mais clara, colorida, pra que ela pudesse ter uma variação mais limpa e visível dela mesma na mesma imagem.


A partir daqui, essa pose em específica eu já tinha em mente pra ela fazer, caso chegássemos nesse nível. A ideia dela ficar com as pernas cruzadas na frente do corpo, sentada completamente nua, veio de uma referência de um ensaio russo.

Como já disse, amo a forma como os russos expressam sua arte em ensaios femininos — minhas referências vêm muito de lá.

Essa modelo, inclusive, tem parentesco alemão. Ela herdou essa aparência bem específica das mulheres alemãs, e nesse retrato eu consegui chegar a, no mínimo, 99% do resultado que eu buscava.

Possivelmente, na realidade em que vivo hoje, não terei outro trabalho assim, com uma modelo que tenha traços estrangeiros e que me dê a oportunidade de criar referências tão próximas das que sempre admirei.


Depois dessa foto, não quis que a modelo mudasse muito de posição ou se mexesse demais. Então, pedi apenas que ela se deitasse, pra que eu pudesse criar fotos onde a luz desenhasse o corpo dela de uma forma extraordinária.

Aqui não tem segredo: é apenas uma pose deitada na cama, e eu vou clicando algumas sequências, fazendo pequenas variações — no rosto, na mão ou nos pés.


Aqui eu faço uma pequena variação contraluz usando a silhueta e algo mais claro mais iluminado


Percebi um detalhe legal: a tatuagem se destacava bastante nessa luz. Então, foquei nesse elemento, que ficou simplesmente sensacional.



Aqui é uma foto onde eu errei — e errei feio. No meu último clique, pedi pra que ela ficasse de frente pra mim. Nesse momento, quem deveria estar nervoso era ela… mas, na real, fui eu que fiquei mais nervoso, achando que ela estava desconfortável, quando, na verdade, ela estava tranquila e serena.

O meu papel ali era simples: fazer esse clique frontal com a ideia dos braços compondo a cena. E aqui está a foto… mas por que os olhos estão borrados?

Na hora de clicar, fiz apenas um disparo rápido e finalizei o ensaio, justamente por ela estar nua e completamente vulnerável visualmente — não queria deixar ela numa situação desconfortável.

Esse clique aconteceu em menos de 2 segundos, e acabou que saiu bem naquele instante em que ela estava piscando os olhos — nem com os olhos fechados, nem abertos, aquele meio termo estranho entre um piscar. Isso deixou a foto ruim, com aquela sensação de "erro".

A solução que encontrei, artisticamente, foi borrar os olhos dessa forma, pra ainda assim conseguir manter essa fotografia — e transformar o erro numa estética interessante.

Se você chegou até aqui e leu tudo isso, significa que também ama arte e, principalmente, valoriza o meu trabalho. Quero agradecer de coração por estar acompanhando.

Esse foi o primeiro… e, pra eu realmente continuar, preciso saber: você, que acompanhou tudo, quer que eu siga escrevendo sobre outros ensaios?

Se sim, me manda uma mensagem no Instagram, dizendo que viu meu post aqui no blog e que apoia eu continuar com essa ideia.


E se você está aqui justamente querendo saber como são minhas fotos nesse estilo, e tem vontade de fazer um ensaio assim, me procura lá no Instagram também.

A gente pode combinar todos os detalhes pra criar o seu ensaio exclusivo — seja sensual, fine art, apenas retratos mais artísticos ou até retratos para perfil profissional.

A fotografia é infinita.

phCRYS to the world.


27 Jul 2025

Sob meu olhar:   Fine Art!

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